Após receber apoio financeiro da Petrobras Socioambiental, programa da estatal que contempla projetos sociais, a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis Amigos do Meio Ambiente (Coopama), ganha fôlego para desempenhar suas atividades, que se tornam ainda mais fundamentais no contexto atual de emergência climática.
Com 20 anos de atuação na coleta dos mais diversos tipos de resíduos, a cooperativa tem investido na manutenção e compra de equipamentos, o que pode aumentar a capacidade de coleta e triagem, que hoje, já chega a 250 toneladas mensais.
Localizada no bairro de Maria da Graça, subúrbio carioca, a Coopama conta com 86 colaboradores que desempenham este trabalho fundamental.
Apesar de não trabalhar com coleta de resíduos descartados de forma incorreta na rua e espaços públicos, a cooperativa de trabalhadores mantém parcerias com hospitais, universidades, shoppings, grandes empresas, indústrias e grandes condomínios residenciais, que fazem a coleta seletiva. Além disso, recebe resíduos da coleta seletiva realizada pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Ao todo, 55% dos resíduos chegam através da coleta nos parceiros e 45% da coleta seletiva urbana.
Para se ter uma ideia da dimensão do trabalho desempenhado pela cooperativa, somente entre janeiro e maio deste já foram coletadas e triadas 1.250 toneladas de resíduos entre papel e papelão, plástico, vidro e metal. Esse montante, que tende a crescer progressivamente com o aumento de descarte, evidencia ainda mais os desafios da cadeia de reciclagem no Brasil e a necessidade de incentivos às cooperativas.
Para Luiz Carlos Fernandes, diretor-presidente da Coopama, o setor de tratamento de resíduos e reciclagem carece ainda de leis e maior fiscalização para cumprimento de legislações já vigentes.
“Ainda há muita necessidade de legislações que regulem e incentivem o setor. É necessário que a cadeia de reciclagem seja vista como uma prestadora de serviços essenciais para a sociedade, especialmente porque vivemos um momento de mudanças climáticas extremas, e o descarte incorreto e falta de reciclagem contribuem diretamente para esse desequilíbrio. Além disso, é necessário educar de fato a população em relação à emergência climática e correta destinação de resíduos. Isso ainda é muito pontual em todo o país”, destaca.
E com a evidente aceleração das mudanças climáticas, no Brasil e no mundo, e a necessidade de leis que criem e potencializem a cadeia de logística reversa no país, o governo federal anunciou recentemente deve regulamentar no mês de junho a Lei de Incentivos à Reciclagem (LIR), popularmente conhecida como Lei Rouanet da Reciclagem no Brasil. As informações foram confirmadas por Adalberto Maluf, secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental.
O projeto de lei chega para estimular investimentos na ampliação da cadeia da reciclagem e promete impulsionar a Economia Circular no país. Na prática, possibilita a dedução de até 6% do Imposto de Renda de pessoas físicas e até 1% das jurídicas tributadas com base no lucro real (até 1%) em troca do investimento em projetos de reciclagem.
Soma-se a esse incentivo do governo federal, o importante avanço no tratado global contra a poluição plástica. A quarta e penúltima rodada de negociações lideradas pela Organização das Nações Unidas (ONU), conta com iniciativas para reduzir a contaminação por plásticos em todo o mundo. O tema é discutido por mais de 170 países e envolve, inclusive, a redução de produção de plásticos, o que influencia diretamente na quantidade de resíduo descartado de forma irregular. No entanto, não bastam soluções de redesenho e redução de plástico; é essencial fomentar soluções para retirar os resíduos plásticos que já estão no meio ambiente.
“Por mais de uma década, a BVRio tem liderado o desenvolvimento e a implementação de créditos de plástico. Esse trabalho pioneiro atraiu capital privado para o setor de reciclagem, marcando uma mudança significativa na luta contra a poluição por resíduos. A experiência adquirida ao longo desse tempo mostrou que os créditos não são apenas sobre reciclagem, mas também sobre promover a inclusão dos catadores. Ao fomentar a responsabilidade corporativa e aumentar a conscientização sobre o consumo excessivo, esses créditos se provaram uma ferramenta poderosa, proporcionando assistência valiosa aos governos na implementação de políticas e destacando os benefícios sociais e ambientais das práticas sustentáveis de gestão de resíduos”, afirma Pedro Succar, especialista em economia circular da BVRio, parceira da Coopama na implementação do financiamento da Petrobras.
Coopama usa aplicativo para otimizar trabalho de coleta e triagem
A Coopama recebe suporte técnico da BVRio para implementar o projeto ‘Cooperar para Reciclar’, sendo um dos aspectos fundamentais o uso de um aplicativo que registra as coletas de materiais recicláveis, o app de gestão de resíduos KOLEKT. A ferramenta permite o rastreamento e o monitoramento online das atividades de coleta, garantindo pagamentos e a traceabilidade dos resíduos por toda a cadeia de reciclagem, oferecendo transparência e eficiência das operações.
O uso do app representa um avanço significativo na forma como rastreamos e gerenciamos os resíduos recicláveis, ao fornecer uma plataforma acessível e eficiente para monitorar todo o ciclo de vida dos materiais. Além disso, os resultados obtidos pela cooperativa podem servir de modelo para uma reestruturação mais profunda da cadeia de logística reversa do país.